quinta-feira, 30 de julho de 2009

Clínica


Voltei aquela Clínica.Acho que não me fez bem..tem um buraco aqui..
A vida mais uma vez me solicita a vencer barreiras, a remexer no lixo, e não me incomodar com cheiro que esala..
O amor que tenho, tem um cheiro muito mais forte..Até quando esse rio de bons sentimentos e intenções poderá me guardar, me proteger de recordações tão doliridas..?
Ter sido internada naquele lugar, por não ter condições de carregar uma dor que me tirou os sentidos,ainda mexia muito comigo e não sabia..
O lugar é lindo..um jardim maravilhoso, flores, arquitetura harmoniosa,talvez para amenizar a desarmonia interior, dos que precisam estar ali.
Tinha a impressão que adrentava ao "Nosso Lar", talvez inconscientemente,ali significava morrer mesmo;mas para dores, lembranças, vida velha.
Estar numa clínica de repouso, é dizer muitas vezes sim a vida.É olhar e dizer pra si..Chega, não estou aguentando, quero dormir e acordar desse pesadelo, é não ver possibilidades, mas saber que elas existem, estão ali, esperando para serem acessadas.
Há 3 anos, estive naquele lugar para me proteger, a dor era tão intensa que se misturou comigo, e acabar com ela era acabar comigo também, começava a correr riscos; sérios riscos.
Mas era possivel, acabar com uma e resguardar a outra.
E nasce neste exato momento a certeza de que, ela não me fez tão mal, muito pelo contrário; vivi em 10 dias o que a vida não me mostraria em 20 anos...
Hoje subo aquela ladeira, levando quem amo para ver essas mesmas possibilidades ,sei que não é facil, quando esquecemos quem somos, e a dor que rasga, sangra, vira nossa realidade.
Mas sei ,que só é possivel renascermos para a vida, se morrermos verdadeiramente para esses momentos em que nos tornamos reféns da nossa incapacidade momentanea de reagir,de dizer estou vendo luz; é como se apaguassem nossa alma..somos nós; a dor e eu, eu e a dor.
Que bom que estive lá, que bom que conheci aquele lugar e dores tão variadas e de diferentes intensidades.Pude compreender o mundo de forma mais ampla, as pessoas, suas razões;fragilidades, limitações e pontenciais de superação.
O falso algoz, nada mais era que um degrau para a minha evolução, um instrumento de transformação interior.

Só pude ver porque estive lá..


Márcia carvalho



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