terça-feira, 16 de junho de 2009

Agonia


4/4/2000
Doze dias se passaram e ainda hoje ela não sabia o que tinha acontecido.
Apenas a dor profunda da ferida que sangrava, a cada vez que o via sair, sem saber se deveria perguntar se voltaria.
Migalhas é o que ela recebia,do que um dia foi um baquete emocional.
Impotência é o que essa dor,a sensação de abandono e inadequação lhe causavam.
Ela se perguntava repetidamente o que lhe fazia ficar a margem do sentimento de alguém,esperar que ele a quizesse, a aceitasse, entendesse.Ela se sentia tão magoada, tão ferida,a angústia era asfixiante,mas sua vida era assim..engolindo dor para seguir em frente.
Quem era esse homem? um dia ela era a sua rainha, no outro não era nada, lhe parecia um ser fragmentado, pensava, sentia, falava, agia em total desacordo, e em permanente conflito, cristalizava pequenas dúvidas, quenstionamentos e os transformava em obstáculos pessoais intransponiveis até para si mesmo.
Pensava que amava um desconhecido, se sentia envergonhada, inibida, inadequada, inconviniente ,não sabia o que podia dizer, demonstrar; ficar de frente dessa realidade a machucava demais..
Escondia sua dor, sofrimento e frustação para tornar seus encontros gostosos, tentava deixar nele algo de bom na esperança que ele sentisse saudades e quizesse voltar.Era uma luta desigual,covarde que travava com ela mesma,mas precisava da impressão que ele sentiria sua falta ou vontade de estar perto dela. E assim prosseguia...

3 comentários:

  1. Marcia um texto maravilhoso que com certeza é a alma de muitas mulheres que no silêncio de uma timidez ecoa um grito diante de uma leitura tão verdadeira. Você consegue passar através de palavras tudo aquilo que vai na alma do ser humano. Maravilhoso amiga

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  2. Clarice Lispector carioca!!! com certeza

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  3. Obrigada por traduzir essa dor,que é tão presente no coração de quem ama verdadeiramente.
    A perda de um grande amor nunca será recompensada...apenas amenizada pela vida.

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